INDÚSTRIA

Contributo
para a Economia Circular

Cimento, Betão e a Economia Circular

As indústrias de cimento e betão podem dar um grande contributo, no sentido do ajudar a EU a atingir objetivos relacionados com economia circular. A indústria cimenteira apoia totalmente qualquer proposta que vise a melhor utilização dos recursos da Europa, quer primários, quer secundários, como resíduos. Considera que devem ser encorajadas, e em simultâneo avaliadas, todas as formas de reciclagem, para garantir os melhores resultados ambientais, sociais e económicos.

Cimento Circular: Processamento de Resíduos para Fabrico de Cimento na Economia Circular

São produzidos todos os anos na Europa 2,5 bilhões de toneladas de resíduos. Para reduzir a poluição ambiental e criar uma economia mais sustentável e circular, é necessário que estes sejam desviados da incineração e do aterro. Uma solução comprovada para reduzir o impacto dos resíduos é transformar os mesmos em materiais reciclados e energia térmica na fabricação de cimento.

O Cimento e o Betão na Economia Circular

“A Comissão Europeia (CE) adoptou em Dezembro um novo e ambicioso programa sobre a Economia Circular visando ajudar empresas e consumidores a fazerem a transição para uma economia assente na utilização mais sustentável dos recursos. De uma forma evidente a indústria do cimento, bem como a do betão, argamassas e prefabricados, aplicam os princípios da economia circular ao longo do ciclo de vida dos seus produtos.

O processo de fabrico de clínquer e cimento permite a valorização de resíduos como matérias primas secundárias ou combustíveis alternativos em quase todas as fases da produção. O próprio betão, que é feito com cimento, água e agregados, é 100% reciclável e pode ser reutilizado de variadas maneiras, como por exemplo enquanto agregado na produção de mais betão ou constituinte numa base de pavimento. O betão, para além de reciclável, é um material que se destaca pela durabilidade, permitindo construir estruturas com uma vida útil superior a um século: o betão utilizado na construção do Túnel do Canal da Mancha tem uma garantia de 120 anos. 

As principais matérias primas utilizadas (calcário no cimento e agregados no betão) também são abundantes na Europa. Os materiais calcários são aliás os mais abundantes em todo o planeta, a seguir à água. Na produção não são portanto extraídos e consumidos recursos escassos. Não obstante, a indústria tem vindo a incrementar a utilização de resíduos e sub-produtos, em substituição do consumo de matérias-primas primárias, promovendo a valorização material.

No processo produtivo do cimento também se têm vindo a substituir os combustíveis fósseis como  carvão e petcoque por combustíveis alternativos, que  representam já cerca de 1/3 dos combustíveis utilizados, isto graças aos investimentos realizados pela indústria cimenteira para a valorização da energia calorífica dos resíduos. Esta nova realidade tem três efeitos imediatos: permite reduzir a dependência energética de combustíveis fósseis de países terceiros, permite diminuir a quantidade de resíduos depositados em aterro,  e  contribui para um menor nível de emissões de CO2. Desta forma,  a indústria do cimento, através da reutilização pioneira de resíduos no seu processo de produção, torna possível a sua recuperação energética e material: o co-processamento, opção superior à incineração e geralmente aplicado a resíduos que não seriam recicláveis ou cuja reciclagem não seria economicamente viável ou ambientalmente favorável.

No final do ciclo de vida dos produtos, mais uma contribuição relevante para economia circular reside na possibilidade de reciclagem dos resíduos da construção e demolição. De acordo com a CE, apenas 1/3 dos resíduos de construção e demolição são reciclados. A indústria do cimento partilha a visão da CE expressa na promoção da economia circular que defende a intensificação da reciclagem dos resíduos da construção e demolição. Resta aos nossos legisladores simplificarem o quadro legal que incentive os agentes económicos a seguirem esse caminho.”

Gonçalo Salazar Leite
Vice Presidente da Cembureau – Associação Europeia do Cimento
Presidente do Conselho Executivo da ATIC – Associação Técnica da Indústria de Cimento
in Público – Imobiliário – 24.02.2016