Documento elaborado por CEMBUREAU (The European Cement Association), BIBM (European Federation for Precast Concrete) e ERMCO (European Ready Mixed Concrete Organisation). Destinado a arquitectos, projectistas, reguladores, proprietários e utilizadores de edifícios, mostra como o betão pode ser usado para reduzir a evolução das alterações climáticas e para minimizar os efeitos da mesma no nosso ambiente construído.
Em climas quentes, a inércia térmica do betão e alvenaria ajuda a proporcionar um ambiente confortável e a reduzir problemas de sobreaquecimento, enquanto que em climas frios pode ser usada para absorver a energia solar e reduzir a necessidade de aquecimento.
“A “Estratégia Europa 2020” estabelece a alteração climática e a sustentabilidade energética, como dois temas centrais para a UE até ao ano 2020. Três áreas de actuação são definidas: a redução de emissões de gases com efeito de estufa, a energia a partir de fontes renováveis e o aumento da eficiência energética.
40% do consumo de energia total da UE dá-se nos edifícios, desde a sua construção até à sua demolição, e é durante a fase de utilização que este consumo é mais significativo. A eficiência energética dos edifícios é assim um eixo incontornável para o cumprimento dos objectivos citados. Acresce que a Directiva relativa ao desempenho energético dos edifícios estipula que os Estados Membro devem assegurar, o mais tardar até final de 2020, que os edifícios novos apresentem saldos de necessidades de energia quase nulos.
Nesta perspectiva, o isolamento térmico do edificado novo, embora desejável e mesmo indispensável, é insuficiente para garantir o balanço energético pretendido e conseguir as melhores soluções para a construção sustentável. A inércia térmica é um contributo fundamental para o resultado pretendido.
A inercia térmica de um edifício pode de forma prática ser descrita como a sua capacidade de absorver a energia solar recebida, de a armazenar e de a libertar progressivamente sob a forma de calor. Radiação solar recebida durante o dia é armazenada no betão, evitando sobreaquecimento, e é libertada lentamente durante a noite, ajudando a manter as temperaturas interiores constantes.
As soluções construtivas de edifícios em cimento e betão demonstram um desempenho particularmente notável de inercia térmica e claros benefícios, quer em períodos de Verão, quer de Inverno, reduzindo em muito as necessidades de climatização seja sob que forma for e assim o consumo de energia.
As poupanças de energia médias estimam-se em 5% dos custos de aquecimento e 20% dos de arrefecimento do edifício, existindo já soluções integradas que duplicam estes valores. Esta capacidade do betão resulta da elevada massa térmica da estrutura em betão, enquanto material de construção pesado.
Assim, a inércia térmica do betão permite não só edifícios mais eficientes em termos energéticos como reduz as emissões de CO2 associadas ao mesmo e melhora o bem estar e conforto na utilização dos edifícios.
A massa térmica nas soluções construtivas em cimento e betão e a inércia térmica daí resultante apresenta-se assim como um indispensável contributo para a eficiência energética dos edifícios e, consequentemente, para a construção sustentável.”
Gonçalo Salazar Leite
Vice Presidente da CEMBUREAU – Associação Europeia do Cimento
Presidente do Conselho Executivo da ATIC – Associação Técnica da Indústria de Cimento
in Público – Imobiliário – 25.05.2016
